pedro
henrique müller
ator e dramaturgo formado pela CAL – Casa das Artes de Laranjeiras e em Teoria do Teatro pela UNIRIO. Participou como ator e colaborador de diversas peças de teatro no Rio de Janeiro em trabalhos dirigidos por Marina Vianna, Bia Lessa, Thierry Tremouroux, Miwa Yanagizawa, Inez Viana e Leandro Romano. Estreou na TV em 2018 na novela Orgulho e Paixão da Rede Globo. É ator integrante da Cia. Teatro Voador Não Identificado.
desde 2019, promove conversas sobre clássicos da literatura e do teatro em seu canal, clube do livro.

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO
WILLIAM SHAKESPEARE
uma das primeiras peças que li. descobri com Shakespeare que emendamos sempre um sonho no outro. mesmo acordados, sonhamos e vagamos num bosque de criaturas sobrenaturais, fugindo do amor e correndo de encontro a ele. nos confundimos muito também. e fazemos teatro.

No Caminho de Swann
Marcel Proust
acho que poderia ficar lendo e relendo o Em Busca do Tempo Perdido para sempre. indo e voltando nas imagens de fumaça do Proust, redescobrindo o tempo e suas formas, na luz desse livro-lanterna-mágica. nunca vou deixar de ser assombrado por existir diante de tamanha beleza.

O Inominável
Samuel Beckett
somos reféns de Beckett e do que ele fez com a linguagem. reduziu tudo ao vazio, ao deserto absoluto. sobrou muito pouco, quase nada. experiência e pobreza. minguamos na rarefação do que não conseguimos dizer. um buraco negro, um ralo. mas há também muita graça nesse lodaçal.

Lavoura Arcaica
Raduan Nassar
esse livro marcou um ponto de mudança na minha juventude. fui tomado por uma espécie de transe que a escrita do Raduan provoca. uma possessão, uma experiência artaudiana, como se participasse de uma iniciação. uma comunhão com algo demoníaco e santo. nunca mais fui o mesmo.

A Paixão Segundo G. H.
clarice lispector
“um dos modos mais fortes é ser negativamente”. a imagem do não-ser. quando provei da pasta da barata eu era a matéria viva vazando da casca sólida das coisas para derreter a matéria. sempre que releio G.H., perco algo. mas me lembro do nojo e do êxtase de estar vivo.

Claro Enigma
Carlos Drummond de Andrade
Drummond pra mim é quase um deus. imenso, vastíssimo, infinito. artista plástico, arquiteto, dramaturgo, ator de mil faces diante da máquina do mundo. o único que soube que há tudo. seguiu movendo-se em meio às formas raras, secretas e duras reagrupando e propondo outra geometria.
