Minha terra natal é minha mãe nela eu aprendi a dormir sozinho por isso tenho coragem e um pouco de sorte isso foi tudo que eu trouxe de onde eu vim
CHAMADAS PERDIDAS
Tarde o telefone toca
Você atende é o amor
– Olá? – alô?
Do que falam? (segredos) bobagens
O amor te chama de amor
Vocês agora têm o mesmo nome
E logo após a mesma voz
O mesmo tudo e tudo mesmo
Queixo coxa ciúme pontas duplas
gêmeas do mesmo cabelo
E amam um no outro o próximo
Como se a si mesmos se amassem
Como se amar fosse o modo
Certo de falar sozinho
A VIDA DOS INCÊNDIOS
Esse é o cigarro
que não quero
fumar e fumo
porque tenho mãos
e não sei ainda
o que fazer com isso
Esse é o óculos
que não serve mais
e uso porque
algumas coisas
eu não aprendi
a ver direito
Esse é o relógio
imóvel que não sei tirar
do pulso porque
espero que em
algum instante
ele acerte em cheio
FÁBULA
Você é feliz? perguntou a formiga e o touro respondeu sim
E pesa muito? perguntou a formiga e o touro respondeu não muito
Então por favor você me ensina? pediu pro touro a formiga
E o touro disse e você por acaso é forte? e a formiga respondeu sim eu sou muito forte
O CANCIONEIRO DA SUA GRANDE AJUDA
Vem como uma criança depois da escola
Porque o amor está dentro de nós ainda mais
do que nós estamos dentro de nós mesmos
Vem e me ensina isso na prática
Lucas ferreira (1998) nasceu em São Paulo. É poeta, editor da editora Fictícia e da revista Parque dos parquinhos. Estuda literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro.