o diálogo de amor
começa na estrada
ou na noite
tanto faz
porque em ambas
temos
curvas vagalumes
olhos abertos ritmo
fome concentração
então você diz
que me escondo debaixo
de palavras inacessíveis
(poética, democracia, ruína,
mulher, educação, direitos
reprodutivos etc.)
rimos até tossir e de repente
sou um dos tatuzinhos
da tua infância com cheiro
de gasolina
para não atropelarmos o destino
te faço perguntas infantis
pela terceira vez qual é
tua fruta filme ferida favorita
muitos quilômetros depois
você diz que o amor é uma fronteira
e para não dormirmos antes da hora
digo que é uma fruteira
rimos até tossir
e agora
pela décima terceira vez
reencenamos aquela história
quando caímos dentro do fogo
sem respeitar os passos da receita
e por isso queimamos o caramelo
dos pudins